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Thursday, April 17, 2008

Carta aberta a uma puta

Primeiro de tudo: puta não! “Acompanhante de alto nível para pessoas de bom gosto”, como diria o M. Class. Segundo: mãe, este blog não é meu, é de um amigo meu. Terceiro: Paloma, este texto é em sua homenagem.

Sabe, Paloma, naquele sábado, eu precisava comer alguém. Mas tava sem saco. Sem saco de ir nos mesmos lugares de sempre, escutar as mesmas menininhas de sempre falarem as mesmas bobagens de sempre ao ouvirem o meu mesmo xavequinho idiota de sempre. Sabe, Paloma, o mundo lá fora exige todo um cerimonial. A gente não pode simplesmente dizer: “Oi, na sua casa ou na minha?”

Não, tem que perguntar nome, fingir interesse, é super chato. E pior, Paloma, depois de toda essa falsidade inicial, quando chega a hora de irmos para algum lugar, você tem que ver garotas que estão loucas para dar, mas tiram a mão, dizem que não, tudo para mostrar que são meninas de respeito. Respeitam quem, Paloma? Elas mesmas? Acho que não, né?

Foi por isso, Paloma, que eu, já bêbado depois de ter tomado várias no bar, decidi que iria a um lugar onde as coisas realmente acontecem. E, lá dentro, a sua dança sensual logo me chamou atenção. Na mesma hora pensei: é ela. Você acredita, Paloma, que, com os dois minutos que eu gastei dando boa noite para você e acertando o programa, em uma balada normal, com uma garota normal, nós ainda estaríamos no jogo de olhares? Parece piada né?

Mas com você foi diferente. Em meia hora, já estávamos no motel, pelados… Ah, Paloma, outra coisa, quando eu disse que, para sair com você, eu pude pagar com cartão, meus amigos não acreditaram, sabia? Débito ou crédito? Na hora, nem eu acreditei. Você, hein? Sempre pensando em novos meios de agradar os seus clientes.

E lá no motel, lembra? Foi engraçadíssimo. Eu completamente bêbado, meia-bomba, e você lá, na labuta, não descansou enquanto meu amigão não apontou o norte. Imagina só se outra garota teria paciência e maxilar para tanto. Claro que não. Primeiro, elas nunca teriam começado como você começou. Pega mau, ele pode achar que eu sou uma puta, pensariam. Mas você, que é mesmo uma puta e vive bem assim, começou, e fez um homem muito feliz. E depois, ah depois, você fez cada coisa… E só sossegou quando eu e ele, enfim, também estávamos sossegados.

Lembra que, logo em seguida, você ainda me perguntou: “E agora, você quer que eu fique longe ou posso deitar no seu peito”. Ah, que coisa linda, Paloma, nunca uma mulher tinha me perguntado isso. Confesso que eu estava mais acostumado a, nessas horas, ouvir que a amanhã tem almoço na casa da avó, ou sobre o eu te amo que não foi convincente, ou que amanhã a gente tem que ir ao shopping sem falta para comprar um presente para a priminha da sobrinha da tia da avó de terceiro grau da sua afilhada. “O que? Mas como você não quer ir ao Shopping?”

Mas não, muito pelo contrário. O que eu ouvi foi a sua linda história de vida. A história da garota que, contra tudo e contra todos, deixou pais e filha no interior de Minas Gerais, para viver a realidade da baixa Augusta de São Paulo. Paloma, você é uma guerreira.

Eu estava lá, bobo, emocionado, com o seu relato, mas você nem deu bola, veio com tudo para cima novamente. Quando eu vi, já estava pronto para a segunda. Por alguns momentos, eu até me esqueci daquelas garotas que deitam na cama com a barriga pra cima e simplesmente ficam paradas, esperando que eu faça todo o trabalho sujo, como se fossem bebês esperando os pais trocarem as fraldas. Você não, Paloma, você era um furacão, e conseguiu fazer a segunda ser ainda melhor que a primeira.

Olha, eu até perdôo umas mentirinhas que você me contou, tá? A começar pelo Paloma, duvido que você realmente se chame assim. E a hora que você me chamava de pintudo… Ah, menos né, Paloma, menos. E quando você me chamava de gostoso… Essa também vai, foi uma bela forçada de barra. Mas continuo te respeitando, sabia? Afinal, essa é a sua profissão, agradar o cliente faz parte.

Infelizmente, o programa chegou ao fim e fomos embora. Lembra quando eu te deixei na porta do Love Story? Você até me chamou para entrar, mas já tava dia, eu não quis. Eu peguei seu telefone, demos um abraço, um beijinho na bochecha, e pronto, acabou. Fui embora apenas com uma noite memorável de recordação.

Sabe, Paloma, apesar da vontade, eu não te liguei. Nem no dia seguinte, nem na semana seguinte, nem nas seguintes. Passou um mês, e ainda não nos falamos. E você só me cobrou por isso uma vez, a vista e no cartão.

Numa ocasião normal, eu já seria, no mínimo, um grande filho de uma puta. Mas com você não foi uma ocasião normal, não é mesmo, Paloma? Estamos de bem. E sabe o que vai acontecer se eu nunca mais te ligar? Nada. Isto não é fantástico?

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