Nossa leitora N. K. aceitou o desafio de convidar desconhecidos para sair. O resultado da missão? Três encontros incríveis, um namorado em potencial, muita diversão e, como não podia deixar de ser, alguns foras.
Adoro sair e não sou tímida. Quando recebi a missão de convidar desconhecidos para um encontro, fiquei animada e um tanto receosa. Não que não fosse me divertir. Tinha certeza de que seria ótimo deixar a preguiça, tomar a iniciativa e me aventurar pelo mundo da paquera para conhecer gente interessante. Mas estava com frio na barriga. Não sou uma Angelina Jolie e sabia que nessa empreitada perderia algumas batalhas e que não seria tão fácil conseguir marcar encontros. Como tinha pouco a perder (no máximo ia ficar vermelha depois de um não) e muito a ganhar (o cara perfeito poderia aparecer em uma dessas), fui à guerra com a munição básica: saia, salto, sorrisão, make e, claro, muita cara de pau. A seguir, conto como convidei três desconhecidos para sair e como eles... aceitaram!
1. Humor e timidez
A aproximação: na primeira vez em que tentei convidar alguém, as coisas não saíram exatamente do jeito que eu queria. Fui com uma turma grande até um bar. Dei aquela olhada no salão e vi que o Vittorio valia a pena. Fortinho, cabelo ondulado... Fiz contato visual, sorri e ele percebeu. Levantei para ir ao banheiro e passei de propósito em frente à mesa dele. Logo recebi um bilhete com um poema. Era óbvio que veio dele. Respondi usando o humor: escrevi uns versinhos de uma música do Tiririca. Quando ele saiu com um amigo para fumar na calçada, fui atrás com uma amiga. Puxei papo dizendo que os fumantes sempre nos fazem passar frio e os convidei para sentarem na nossa mesa. Dei sorte: minha amiga conhecia o amigo dele e foi fácil. Trocamos telefones e dali a dois dias falei com ele: disse que podíamos sair para uma happy hour só nós dois. E ele adorou a ideia!
O encontro: Fomos a um bar. Ele estava um pouco tímido e eu estimulei o papo. Dei um jeito de não deixar o assunto morrer: perguntei sobre as viagens dele, falei sobre a época em que morei na Inglaterra e conversamos muito. Estava meio sem saber quem pagaria a conta, mas ele fez isso e eu não tive que pensar no assunto. Ele tomou a iniciativa de me beijar e demos um beijinho (quase um selinho mesmo) ainda na mesa. Nada super hot. Não foi muito emocionante, mas valeu como treinamento de paquera.
Fica a dica: Vá ao encontro com alguns tópicos para a conversa. Silêncios constrangedores são péssimos! Só tome cuidado para não monopolizar o papo: dê espaço para ele falar também. Senão, ele vai achar você chata.
2. Lotação máxima
A aproximação: quinta-feira é um ótimo dia para sair: os lugares têm movimento e os caras ainda não estão com a neurose de pegar por pegar só porque não dá para passar o sábado sozinho. Fui com duas amigas a um pub. Circulei e o Luís apareceu em um grupo de amigos homens. Ele era interessante: barba por fazer, alto, cabelo castanho. Logo o perdi na multidão. Quase desistindo, resolvi dar a minha última volta. Por sorte, consegui encontrá-lo. Cheguei e disse: "Nossa, como está lotado". Ele sorriu e concordou. E emendei: "Vai ser impossível conseguir pegar uma bebida sozinha". Ele disse que me acompanharia. Flertamos e eu falei que a gente podia se encontrar em um lugar mais vazio. Assim, consegui o celular dele.
O encontro: tive que tomar a iniciativa e sugerir um local para o date, um barzinho. Quando chegamos lá é que me dei conta: era quarta-feira, dia de futebol. Resultado? Fila de espera enorme. O placar não era muito favorável para mim. Demoramos horas na fila e ele não quis mudar de local, como eu sugeri - podíamos ir a um restaurante a poucas quadras dali, mas ele nem me ouviu. Eu só queria sentar! Quando entramos, a conversa até fluiu, mas, como esperamos muito tempo, acabamos esgotando o assunto na fila e enfrentamos silêncios. Ele não se esforçou muito para conversar, na verdade. No final, recebi um daqueles beijos esquisitos enquanto estávamos sentados. Não dá para relaxar com o narrador gritando "Goool".
Fica a dica: quando sugerir o local do date, lembre-se de olhar o calendário e pesquisar. Quer sair para conversar? Verifique se o restaurante não tem música ao vivo.
3. Estratégia ousada
A aproximação: eu tinha acabado de levar um fora. Ainda bem que dois amigos me convenceram a esquecer a baixa e emendar uma happy hour. Não estava tão animada, mas deixei o radar ligado. Os astros resolveram fazer as pazes e me mandaram o Rafael. Ele tinha um jeito tímido, era forte, moreno, com ombros largos e óculos que faziam com que ele parecesse o Clark Kent antes de se transformar no Super-Homem. Fiquei encantada! Sentamos frente a frente e nos olhamos muito. Eu precisava ir para casa cedo. Então resolvi aplicar uma estratégia ousada. Escrevi um bilhetinho com meu nome e telefone (com uma caneta rosa!) e pedi para um amigo deixar na mesa dele quando estivéssemos saindo. Claro, dei aquele sorrisão ao passar. Alguns minutos depois, adivinhe! Meu celular toca com uma mensagem. Dele, claro, perguntando como deveríamos fazer para nos ver de novo. Foi a deixa para eu marcar o date.
O encontro: o Rafa não é de São Paulo e só vem para a cidade durante alguns dias, então dependi da agenda dele para encontrá-lo. E ele só poderia em um domingo chuvoso e frio. Ok, em outras situações eu não sairia de casa. Mas me animei porque o Rafa parecia ser o meu número: bonito e atencioso - respondeu a todas as minhas mensagens na semana anterior. Estava com medo de não reconhecê-lo porque, apesar de ter olhado bastante, ainda não o conhecia bem. Quando o vi, veio a boa surpresa: era mais bonito do que eu me lembrava. A conversa fluiu muito e nem vimos o tempo passar. Os assuntos apareciam e dava aquela sensação de que a gente já se conhecia havia muito, muito tempo. Fora que deu para notar que nós dois nos achávamos bonitos. Até arriscamos umas doses de cachaça - foi muito divertido! Na hora da conta, ele pagou a maior parte e eu não me importei em ajudar. Caminhamos até o estacionamento, porque eu daria uma carona. E acabamos nos beijando encostados no meu carro, de um jeito envolvente. Foram vários beijos. A gente se falou no dia seguinte e saímos mais duas vezes: fomos a um pub e a um restaurante romântico. Ainda nos vemos, conversamos por telefone e estou feliz com isso.
Fica a dica: ele me disse que nunca teria tomado a iniciativa, apesar de ter me achado bonita e interessante. Por isso, meninas, não titubeiem: é melhor apostar num cara que vale a pena mesmo sem saber o que vai acontecer. Você pode levar um fora. Mas também pode encontrar uma ótima companhia, certo?
Número negativo
"No primeiro dia em que abordei um gato, ele nem quis saber. Tentei me aproximar do Leandro, um dos mais bonitos da balada. Puxei assunto, mas vi que não estava interessado. Disse para ele que iria ao banheiro e, na volta, não o encontrei mais! Também tentei um approach com um moço numa livraria. Aí, tomei uma patada. Perguntei se o romance que ele estava segurando era bom. A resposta? Um sonoro 'Não sei. Tchau!' Talvez eles se assustem quando aparecemos em um lugar que não tem o contexto da paquera."
Paquera perfeita
- Circule. Os gatos se escondem.
- Se estiver em um lugar com mesas, prefira sentar-se em um dos cantos em frente à porta; é mais fácil ver quem entra e quem sai.
- Identifique os bêbados: no dia seguinte, eles nem vão se lembrar que falaram com você.
- Sorria, as bem-humoradas chamam a atenção. Mas não precisa rir feito louca, só manter o astral.
- Fale com ele de mansinho. Faça um comentário sobre o ambiente: diga que está quente demais e que você queria uma bebida gelada. Ele dá o bote!
Eles contam tudo
O que os três homens abordados por mim realmente acharam de terem sido convidados para sair por uma mulher:
"Não vejo nenhum problema em mulheres que tomam a dianteira, elas têm todo o direito de se expressar se ficarem realmente interessadas por um homem. A N. trocou muitos olhares e sorrisos comigo e isso funcionou muito bem, porque fez com que eu percebesse que ela estava a fim e poderia se aproximar. Essa é uma boa estratégia: funciona com os caras."
Vittorio, 23 anos, administrador de empresas
"A N. é uma ótima companhia e me abordou de uma forma tão elegante e natural falando sobre o ambiente em que estávamos que não me assustei. Achei uma atitude bacana ela ter me convidado para sair. Gosto de conhecer pessoas e de conversar com quem é interessante. Foi ótimo. Eu tinha saído sem nenhuma expectativa e fiquei feliz pelo que aconteceu. Não vejo problema de as mulheres tomarem a iniciativa. Claro que depende do tipo de abordagem. Algo muito agressivo é estranho e você fica constrangido sem saber o que fazer."
Luís, 28 anos, advogado
"Na hora em que cheguei ao bar, vi a N. e sentei de frente para ela de propósito, confesso. Mas eu não iria levantar e abordá-la, apesar de ter achado que ela era muito interessante. Sou tímido, então fiquei um pouco receoso emconversar com uma mulher tão bonita. Quando recebi o bilhete, foi uma surpresa e tanto, claro. Na hora nem acreditei no que estava acontecendo, levei um susto e foi muito bom. É ótimo quando uma mulher toma esse tipo de atitude, mostra que ela tem personalidade e dá vontade de conhecer alguém que age desse jeito."
Rafael, 22 anos, administrador de empresas